Mas foi um bilhete anônimo protocolado junto com um ofício da prefeitura comunitária do Benedito Bentes no Conseg que revelou uma trama habilmente montada, com várias facetas que induziram Polícia e Justiça cometerem terríveis erros. O bilhete insinuava que o oficial tinha envolvimento com a chacina do Benedito Bentes. Mas essa versão, de acordo com o relator do Conseg, Evilásio Feitosa, não tinha sustentação. Em seu relatório ele chegou a citar fatos que mostrariam o complô. O líder da prefeitura comunitária, Silvânio Barbosa, através do Ofício nº 157/2010 em 8 de novembro daquele ano pediu a renovação de sua segurança particular, feita na época por policiais militares. A alegação de Silvânio foi que ele vinha sofrendo ameaças de morte feitas pelo capitão Paulo Eugênio e seu irmão, um policial civil, que teve sua identidade preservada. Em 13 de dezembro, também de 2010, o mesmo líder comunitário renovou o pedido de proteção, daquela vez argumentando que estava sendo ameaçado por traficantes de drogas que agiam no Conjunto Carminha. O relator do Conseg chamou a atenção para o fato que, dessa vez, Silvano não citou o oficial ou seu irmão. Baseado nas contradições das solicitações, as quais foram atendidas e posteriormente anuladas devido o uso irregular dos policiais por parte do solicitante, costumeiramente visto em bares e locais públicos e particulares se assoberbando pelo fato de ter segurança custeada pelo Estado, o relator chamou Silvano de “useiro e vezeiro”.
“O solicitante é useiro e vezeiro em se envolver em confusões, tal como demonstram alguns processos que tramitam ou tramitaram neste Conselho, alguns, inclusive, de minha autoria. O seu envolvimento com os casos policiais em geral, decorrem da busca de notoriedade com vistas à projeção política. Para o solicitante, em rigor, a segurança individualizada, antes de lhe servir de proteção, é demonstração de prestigio junto à comunidade”, concluiu Evilásio Feitosa. Em relação à origem do bilhete, anexado como parte do ofício, citando o capitão da Polícia Militar, Silvânio Barbosa responde a um inquérito policial, de nº 022/2012, na Delegacia do 8º DP, sob a acusação de denunciação caluniosa. Por conta das evidências, o MPE deve solicitar que o líder comunitário seja ouvido pela delegada Fabiana Leão, do 8º DP e que o bilhete seja submetido a um exame grafotécnico – para atestar sua autenticidade – por peritos do Instituto de Criminalística (IC). Silvânio Barbosa também responde o inquérito nº 0036809-72.2011.8.02.0001, na 6º Vara Cível de Maceió, por indenização a dano moral ao capitão Eugênio. Em relação à chacina do Benedito Bentes, onde ficou comprovado que nenhum dos presos teve participação, a Direção Geral da Polícia Civil determinou que delegados da DH realizem uma nova investigação (Inquérito Nº 0001801-34.2011.8.02.0001) para apurar fatos recentes que indicam quem matou e os motivos dos crimes. Mas a demora das oitivas levou o juiz substituto da 8º Vara Criminal, Sandro Augusto dos Santos dá um prazo de 48 para a PC devolver todo o inquérito sob pena de determinar busca e apreensão.
O EMERGENCIA190 tentou contato com o líder comunitário, mas ele não atendeu as ligações. Na Delegacia de Homicídios, o delegado Cícero Lima, responsável pela DH, não foi localizado para comentar como andam as investigações e o porquê do inquérito ainda não ter sido enviado a Justiça. Já o capitão Paulo Eugênio, através de seu advogado informou que apesar de não existir na Polícia ou Justiça nenhuma acusação que enlameie sua conduta de pai de família ou agente público cumpridor da Segurança Pública prefere não se ater em relação a nenhum dos fatos que envolvam seu nome.
EMERGÊNCIA190