A CPI do Cachoeira não deve realizar reuniões administrativas nem ouvir depoimentos até o primeiro turno das eleições municipais. A decisão foi comunicada pelo presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), nesta terça-feira (4), após reunião com líderes partidários. Durante o período, o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), deve analisar os dados disponíveis para apresentar um balanço das atividades da comissão.
– Nada do que nós apuramos até agora será perdido, pelo contrário. Vamos manter uma agenda de análise da documentação e uma agenda de trabalho mesmo sem as oitivas – afirmou Odair Cunha.
Segundo o relator, o balanço das atividades da comissão, especialmente no que diz respeito às atividades econômicas da organização de Carlinhos Cachoeira, deve ser apresentado no final de setembro ou início de outubro.
O encontro com os líderes foi marcado para tentar um acordo que permitisse a realização de uma reunião administrativa nesta quarta-feira (5). Segundo o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), há dificuldades para marcar as reuniões no período eleitoral, já que os esforços concentrados da Câmara e do Senado não coincidem.
Além da dificuldade de obter quórum para a realização das reuniões, o relator e o presidente apontam a existência de um “código de silêncio” entre os depoentes, que seriam em grande parte integrantes da organização investigada, o que tem gerado reuniões improdutivas. Também há um temor de que os depoimentos sejam usados para influenciar as eleições municipais.
– A gente tem maior tranquilidade para tomar algumas decisões fora do calor das eleições. Tem eleição em todo opaís e esses áudios podem ser utilizados politicamente – explicou o vice-presidente da comissão, deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
O pedido para que os depoimentos fossem adiados, segundo Teixeira, partiu dos próprios parlamentares. A decisão foi tomada em conjunto pelos líderes, com a discordância apenas do deputado paranaense Rubens Bueno, líder do PPS na Câmara. Ao sair da reunião, o deputado chegou a dizer que haviam “enterrado” a CPI.
Questionado sobre a possibilidade de prejuízo aos trabalhos da comissão, o senador Vital do Rêgo garantiu que os trabalhos internos continuarão durante o período eleitoral e que a CPI não acabará sem resultados.
– A CPI está mais viva do que nunca – afirmou.
Ampliação
Uma das principais decisões que precisam ser tomadas após as eleições é a possível ampliação do foco das investigações. Parlamentares, especialmente da oposição, têm defendido a quebra de sigilo de mais empresasligadas à Delta Construções.
Segundo o presidente, a decisão só poderá ser tomada após a próxima reunião administrativa, que deve ser marcada para o dia 10 de outubro.
– Eu acho que a gente pode ampliar o nosso foco, ampliar a ação da CPI fora do fato determinado, que é o Centro-Oeste, de acordo com o que vai determinar a sessão administrativa – disse.
Outra decisão a ser tomada é em relação à prorrogação do seu período de funcionamento. O encerramento dos trabalhos está previsto para 4 de novembro. Com a suspensão das reuniões, haveria pouco tempo para concluir as investigações no prazo previsto inicialmente. A possível prorrogação também será decidida na próxima reunião administrativa.
Ascom