No entanto, o ex-atleta do Flamengo assumiu que se beneficiou da morte e poderia até ter evitado que ela ocorresse. "Não sabia, não mandei, mas aceitei", disse o goleiro, referindo-se ao assassinato.
Ele foi o primeiro dos nove acusados do caso a acusar nominalmente Bola, que responde a outros processos por assassinato, até com ocultação de cadáver, como é o caso de Eliza, morta em 10 de junho de 2010 e cujo corpo nunca foi encontrado.
Bruno está preso desde o mês seguinte, mas sempre negou a morte da ex-amante. Ontem, ele afirmou que a jovem teria exigido dinheiro pelo fato de ter tido um filho com o jogador.
Estratégia. Em novembro, Macarrão já havia confessado que Eliza foi assassinada, mas afirmou que Bruno foi o mandante do crime, assim como do sequestro e cárcere privado da jovem. A estratégia do goleiro, além de tentar se livrar da acusação de ter planejado e ordenado a execução do crime, é conseguir uma redução da pena como ocorreu com Macarrão, que foi condenado a 15 anos de prisão (12 em regime fechado). Pelo Código Penal, uma acusação de homicídio triplamente qualificado pode render até 30 anos de cadeia aos réus.
O depoimento de Bruno começou no início da tarde e, por quase três horas, o goleiro respondeu às perguntas feitas pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, que preside o Tribunal do Júri no Fórum de Contagem.
Durante o questionamento, o goleiro praticamente ratificou todo o depoimento prestado por Jorge, o primeiro a admitir o crime, ocorrido quando ele tinha 17 anos - o que lhe rendeu pouco mais de 2 anos de internação como medida socioeducativa. Mas o goleiro negou que Eliza tivesse sido sequestrada e tentou mostrar preocupação com a mulher, a quem alegou ter dado R$ 30 mil para "resolver problemas pessoais". Segundo ele, a jovem ainda ganharia um apartamento em Minas para morar com o filho.
Choro. Quando relatou os últimos momentos de Eliza, Bruno interrompeu o depoimento várias vezes, chorando, e disse ter ficado "desesperado" e "com medo de tudo que aconteceu", atitude semelhante à de Macarrão ao confessar o crime e atribuir seu planejamento ao goleiro. O restante do tempo ele permaneceu de cabeça baixa e, por orientação do advogado Lúcio Adolfo da Silva, em silêncio - e não respondeu às 40 perguntas feitas pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos.
Mesmo com o silêncio do réu, Vasconcelos destacou contradições no depoimento do goleiro, como o fato de Bruno negar que Eliza tenha sido sequestrada e o fato de ter feito mais de dez ligações para Macarrão e Jorge pouco antes de a vítima ser retirada do hotel em que estava e ser levada à força pela dupla.
Quando questionado pela juíza sobre o "plano B", o goleiro alegou que "não tinha um plano A" e o pedido de perdão era por "estar pedindo para ele ficar naquele lugar horrível (cadeia)". Em outra parte do depoimento, que não havia sido encerrada até as 20h de ontem, afirmou que não havia citado anteriormente Bola, por "medo" do ex-policial - que teria executado Eliza.
Fonte: MSN