'Profissão Repórter' exibiu entrevistas com acusações ao pastor. Marcos é acusado de pelo menos 2 estupros, entre outros vários crimes.
Acusado por pelo menos duas mulheres de cometer estupros no Rio, e investigado por outros quatro casos semelhantes, o pastor Marcos Pereira, da Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias, teve outra acusação, de envolvimento em quatro homicídios, revelada no Profissão Repórter desta terça-feira (14).
Acusado por pelo menos duas mulheres de cometer estupros no Rio, e investigado por outros quatro casos semelhantes, o pastor Marcos Pereira, da Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias, teve outra acusação, de envolvimento em quatro homicídios, revelada no Profissão Repórter desta terça-feira (14).
Testemunhas e a mãe de Adelaide Nogueira dos Santos, morta em 2006, contaram à polícia que ela foi morta porque investigava por conta própria atividades ilícitas de Marcos e tudo que envolvia a igreja, como orgias com homens e mulheres em uma fazenda. As imagens foram mostradas no RJTV.
"Ela sabia muito", disse a mãe de Adelaide, Amélia Batista, sobre o motivo do crime. “Ela namorou um rapaz de lá e ela descobriu, através dele, todo o esquema da igreja. Envolvimento com o tráfico, problemas de farras na fazenda dele, sexual. Ela apareceu com um microgravador dizendo que duas coleguinhas, junto com ela, iam entrar para a igreja, colocar aquela roupa e gravar o que acontecia”, contou.
Três pessoas foram condenadas pelo assassinato de Adelaide. Entre elas, Jefferson Rodrigues dos Santos, que está preso, e é sobrinho do pastor.
Marcos também é suspeito de esconder dentro da igreja criminosos procurados pela Justiça. Ele está preso desde o início do mês, em Bangu 2. Durante um ano, cerca de 30 testemunhas prestaram depoimento na delegacia de combate às drogas.
Denúncia e prisão
O Ministério Público do Rio (MP-RJ) denunciou na quinta-feira (9) o pastor por dois estupros. Ele foi preso na noite do dia 7 suspeito de ter abusado sexualmente de seis fiéis. De acordo com as denúncias, foram instaurados seis inquéritos policiais – um para cada vítima – a fim de facilitar a individualização dos crimes.
Segundo o MP-RJ, o pastor agiu da mesma forma com as duas vítimas que figuram nas denúncias: jogou as mulheres na cama, arrancou a roupa delas e as forçou a praticar sexo. As vítimas moravam no alojamento da Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias, mantendo uma relação de dependência com Marcos Pereira.
Na denúncia, os promotores relatam que ele negava até mesmo material de higiene às mulheres que se recusavam a manter relações sexuais com o acusado.
"Pelos relatos das testemunhas, principalmente das mulheres, verifica-se que estamos diante de um verdadeiro depravado, degenerado, pervertido sexual, capaz de fazer as coisas mais baixas e sempre se aproveitando da sua condição de líder maior da Igreja", diz o texto de uma das denúncias, assinadas pelos promotores Rogério Lima Sá Ferreira e Adriana Lucas Medeiros, que pediram à Justiça a prisão preventiva do acusado, que está no Complexo Penitenciário de Bangu.
Relatos das vítimas
Duas vítimas que denunciaram o pastor Marcos Pereira por abuso sexual relataram ao RJTV do dia 8 como funcionava a abordagem do religioso. Em depoimento, elas afirmaram que chegaram a morar na igreja, onde não podiam ler jornais, ver televisão e nem falar em telefones celulares.
"Quando ele pegou na minha mão, eu já fiquei na minha cabeça pensando se ele estava tentando ver se tinha algum espírito em mim, que era o que ele costumava fazer. Eu fiquei orando, ele começou aos poucos, ele foi tocando no meu corpo. Você se sente humilhada, você se sente nada, como se fosse um objeto descartável", disse uma delas.
Para outra das vítimas, o sistema de clausura favorecia os abusos. "Ele aproveita momentos de fragilidade, que a gente fica ali, entregue mesmo àquela ideologia que eles passam para gente", disse.
Outros crimes
Marcos Pereira também é investigado por homicídio, associação ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Segundo um ex-braço direito do religioso, certa vez, o pastor obrigou o amigo a guardar mochilas com aproximadamente R$ 400 mil em sua casa.
Após ouvir as vítimas, o delegado Márcio Mendonça, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) do Rio de Janeiro, revelou que o suspeito dizia às mulheres que elas estavam "possuídas" e que só iriam se livrar do "mal" caso tivessem relação sexual com um religioso. Entre as vítimas está a ex-mulher e uma jovem que disse ter sido estuprada dos 14 aos 22 anos. A polícia apura a possibilidade de outras mulheres terem sido abusadas.
"Ele tinha um comportamento semelhante quando estuprava as mulheres dentro da própria igreja. Ele dizia que elas estavam possuídas, demoniadas e ele fazia crer que a única forma que essas pessoas pudessem ser libertadas daquele demônio era tendo relação com uma pessoa santa", afirmou o delegado Márcio Mendonça.
A prisão
Ao ser encaminhado para a delegacia, o pastor não quis comentar a prisão e disse que não sabia quais eram as acusações. "Não tenho ideia", disse. Ele foi detido na Avenida Brasil, quando seguia em direção a Copacabana. Ele estava acompanhado por fiéis da igreja. Contra Marcos, havia dois mandados expedidos pela Justiça.
O G1 entrou em contato com a assessoria da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, localizada em São João de Meriti que informou, por meio de nota que o pastor Marcos Pereira é inocente e sua conduta como homem de Deus, prova isso. A assessoria acrecentou ainda que todos estão "indignados com a injustiça e que isso não passa de especulação".
O pastor Marcos Pereira ficou conhecido por ajudar na reabilitação de dependentes químicos e no resgate de criminosos que seriam mortos por traficantes. Em 2004, ele negociou o fim de uma rebelião em um presídio do Rio de Janeiro.
Denúncia foi feita há 1 ano
O inquérito para investigar a associação do pastor Marcos Pereira com tráfico foi instaurado há um ano, depois que, em fevereiro de 2012, o líder do AfroReggae José Junior prestou depoimento à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) sobre supostas ameaças que o religioso teria feito ao grupo.
Segundo José Júnior, o pastor teria também participado da onda de ataques cometidas por traficantes no Rio de Janeiro, entre 2006 e 2010. Na ocasião, em nota, o religioso disse que "durante muitos anos atraímos o olhar desconfiado de muitas pessoas, o que me colocou sob investigação e monitoramento intenso e permanente dos órgãos policiais, sem que nenhuma, repito, nenhuma ligação minha ou da igreja que presido tenha sido identificada. Trabalhar com criminosos visando a sua recuperação é diferente de se envolver com criminosos, e esta fronteira eu nunca ultrapassei".
A partir dessa investigação policial apareceram as informações sobre estupros. Segundo o delegado Márcio Mendonça, "as pessoas tinham medo de denunciar" porque começaram a ser ameaçadas. Segundo os relatos ouvidos pela polícia, o medo das vítimas devia-se ao fato do pastor abrigar criminosos e guardar armas na igreja.
Fonte: G1
"Ela sabia muito", disse a mãe de Adelaide, Amélia Batista, sobre o motivo do crime. “Ela namorou um rapaz de lá e ela descobriu, através dele, todo o esquema da igreja. Envolvimento com o tráfico, problemas de farras na fazenda dele, sexual. Ela apareceu com um microgravador dizendo que duas coleguinhas, junto com ela, iam entrar para a igreja, colocar aquela roupa e gravar o que acontecia”, contou.
Três pessoas foram condenadas pelo assassinato de Adelaide. Entre elas, Jefferson Rodrigues dos Santos, que está preso, e é sobrinho do pastor.
Marcos também é suspeito de esconder dentro da igreja criminosos procurados pela Justiça. Ele está preso desde o início do mês, em Bangu 2. Durante um ano, cerca de 30 testemunhas prestaram depoimento na delegacia de combate às drogas.
Denúncia e prisão
O Ministério Público do Rio (MP-RJ) denunciou na quinta-feira (9) o pastor por dois estupros. Ele foi preso na noite do dia 7 suspeito de ter abusado sexualmente de seis fiéis. De acordo com as denúncias, foram instaurados seis inquéritos policiais – um para cada vítima – a fim de facilitar a individualização dos crimes.
Segundo o MP-RJ, o pastor agiu da mesma forma com as duas vítimas que figuram nas denúncias: jogou as mulheres na cama, arrancou a roupa delas e as forçou a praticar sexo. As vítimas moravam no alojamento da Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias, mantendo uma relação de dependência com Marcos Pereira.
Na denúncia, os promotores relatam que ele negava até mesmo material de higiene às mulheres que se recusavam a manter relações sexuais com o acusado.
"Pelos relatos das testemunhas, principalmente das mulheres, verifica-se que estamos diante de um verdadeiro depravado, degenerado, pervertido sexual, capaz de fazer as coisas mais baixas e sempre se aproveitando da sua condição de líder maior da Igreja", diz o texto de uma das denúncias, assinadas pelos promotores Rogério Lima Sá Ferreira e Adriana Lucas Medeiros, que pediram à Justiça a prisão preventiva do acusado, que está no Complexo Penitenciário de Bangu.
Relatos das vítimas
Duas vítimas que denunciaram o pastor Marcos Pereira por abuso sexual relataram ao RJTV do dia 8 como funcionava a abordagem do religioso. Em depoimento, elas afirmaram que chegaram a morar na igreja, onde não podiam ler jornais, ver televisão e nem falar em telefones celulares.
"Quando ele pegou na minha mão, eu já fiquei na minha cabeça pensando se ele estava tentando ver se tinha algum espírito em mim, que era o que ele costumava fazer. Eu fiquei orando, ele começou aos poucos, ele foi tocando no meu corpo. Você se sente humilhada, você se sente nada, como se fosse um objeto descartável", disse uma delas.
Para outra das vítimas, o sistema de clausura favorecia os abusos. "Ele aproveita momentos de fragilidade, que a gente fica ali, entregue mesmo àquela ideologia que eles passam para gente", disse.
Outros crimes
Marcos Pereira também é investigado por homicídio, associação ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Segundo um ex-braço direito do religioso, certa vez, o pastor obrigou o amigo a guardar mochilas com aproximadamente R$ 400 mil em sua casa.
Após ouvir as vítimas, o delegado Márcio Mendonça, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) do Rio de Janeiro, revelou que o suspeito dizia às mulheres que elas estavam "possuídas" e que só iriam se livrar do "mal" caso tivessem relação sexual com um religioso. Entre as vítimas está a ex-mulher e uma jovem que disse ter sido estuprada dos 14 aos 22 anos. A polícia apura a possibilidade de outras mulheres terem sido abusadas.
"Ele tinha um comportamento semelhante quando estuprava as mulheres dentro da própria igreja. Ele dizia que elas estavam possuídas, demoniadas e ele fazia crer que a única forma que essas pessoas pudessem ser libertadas daquele demônio era tendo relação com uma pessoa santa", afirmou o delegado Márcio Mendonça.
A prisão
Ao ser encaminhado para a delegacia, o pastor não quis comentar a prisão e disse que não sabia quais eram as acusações. "Não tenho ideia", disse. Ele foi detido na Avenida Brasil, quando seguia em direção a Copacabana. Ele estava acompanhado por fiéis da igreja. Contra Marcos, havia dois mandados expedidos pela Justiça.
O G1 entrou em contato com a assessoria da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, localizada em São João de Meriti que informou, por meio de nota que o pastor Marcos Pereira é inocente e sua conduta como homem de Deus, prova isso. A assessoria acrecentou ainda que todos estão "indignados com a injustiça e que isso não passa de especulação".
O pastor Marcos Pereira ficou conhecido por ajudar na reabilitação de dependentes químicos e no resgate de criminosos que seriam mortos por traficantes. Em 2004, ele negociou o fim de uma rebelião em um presídio do Rio de Janeiro.
Denúncia foi feita há 1 ano
O inquérito para investigar a associação do pastor Marcos Pereira com tráfico foi instaurado há um ano, depois que, em fevereiro de 2012, o líder do AfroReggae José Junior prestou depoimento à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) sobre supostas ameaças que o religioso teria feito ao grupo.
Segundo José Júnior, o pastor teria também participado da onda de ataques cometidas por traficantes no Rio de Janeiro, entre 2006 e 2010. Na ocasião, em nota, o religioso disse que "durante muitos anos atraímos o olhar desconfiado de muitas pessoas, o que me colocou sob investigação e monitoramento intenso e permanente dos órgãos policiais, sem que nenhuma, repito, nenhuma ligação minha ou da igreja que presido tenha sido identificada. Trabalhar com criminosos visando a sua recuperação é diferente de se envolver com criminosos, e esta fronteira eu nunca ultrapassei".
A partir dessa investigação policial apareceram as informações sobre estupros. Segundo o delegado Márcio Mendonça, "as pessoas tinham medo de denunciar" porque começaram a ser ameaçadas. Segundo os relatos ouvidos pela polícia, o medo das vítimas devia-se ao fato do pastor abrigar criminosos e guardar armas na igreja.
Fonte: G1