A baiana conta que fugiu de “oportunistas”, detalha como multiplicou seus bens
Mara MaravilhaFoto: R7
Separada e sem filhos, Mara Maravilha, 45, corre o risco de ter que deixar sua fortuna para seu pai biológico, que “não a criou”. Fragilizada com a morte da mãe, a cantora acha “injusto” entregar seu patrimônio “para quem não ajudou a construi-lo”. Em entrevista exclusiva, a baiana conta que fugiu de “oportunistas”, detalha como multiplicou seus bens, que inclui uma cobertura milionária, outros apês, empresa e direitos autorais de sua obra e, ainda, fala da nova profissão: corretora de imóveis!
Para detalhar seu drama pessoal, Mara Maravilha, recebeu a reportagem em um dos objetos da disputa judicial: seu melhor apartamento, uma cobertura de mais de 200 m2 na Ilha Porchat em São Vicente, litoral de São Paulo. E avisa logo na entrada, com olhar cabisbaixo:
— Nunca falei detalhadamente sobre isso [a disputa com o pai]. Vou me expor pela causa. Sou humilde e tenho amor, mas ajo com Justiça. Não importa o que você construiu. Você pode ter uma bicicleta, mas é sua. Ninguém que não contribuiu para essa conquista deve ficar com ela, a menos que você queira. Espero que meu caso ajude outros brasileiros a defender o que é seu. Deus é amor, mas também é Justiça.
Para entender essa história, é preciso voltar no tempo, mais precisamente 43 anos, quando a menina batizada de Eliemari, aos dois anos, foi alvo de disputa após a separação dos pais, em Itapetinga, interior da Bahia. O pai, o comerciante Eliezer Aguiar Silveira, chegou “a sequestrar a criança”. De família mais pobre, a mãe, Marileide Félix, conseguiu a guarda, mudou de cidade e pai e filha nunca mais se viram... Até a Mara virar a Mara
— Depois que meu pai não conseguiu minha custódia, ele abriu mão de mim. Não participou da minha criação. Não quero crucificá-lo, mas ele abriu mão de mim, isso é fato! Apareceu quando eu já era a Mara Maravilha. Minha mãe ouviu muita humilhação por ser mais pobre. Quando ela se casou com meu padrasto [o artesão Raimundo Souza], eu tinha cinco anos. Foi quando passei a ter um pai de verdade.
O reencontro com o pai biológico se deu em 1992, no funeral do irmão paterno:
— Tentaram criar um clima legal que não existia, porque eu não o conhecia, não tínhamos qualquer intimidade, afinidade... Mas o tratei com muito respeito.
Com as portas reabertas, Mara passou a acreditar que o relacionamento dos dois pudesse florescer. Porém, ela começou a receber ligações:
— Ele me ligava sempre pedindo ajuda. Pediu para eu intermediar a compra de um imóvel, o que recusei.
Mais tarde, em 1999, durante seu primeiro casamento, Mara foi incentivada a entrar na igreja com dois pais: o biológico e o padrasto, a quem ela chama de pai até hoje. Assim que terminou a cerimônia, Mara conta que recebeu mais ligações com pedidos de dinheiro. Foi quando se afastou novamente.
Preocupada com o assédio do outro lado da família, Mara procurou tomar medidas judiciais. Assessorada por advogados, a cantora enviou um documento para o pai assinar. A carta, escrita em primeira pessoa, dizia que o Eilezer abria mão do direito a receber a herança. A resposta foi surpreendente.
— A resposta não chegava. Depois de muita insistência, ele me respondeu sem aquele sentimento de amor. Recusou-se a assinar o documento e então perguntei por quê. Ele disse que não dependia dele, mas sim de outras pessoas. Questionei quem seriam as outras pessoas que estavam contando com meu dinheiro e ele respondeu: “genros!” Eu achei que ele não fosse me decepcionar, porque ele é um homem de fé, assim como eu. Porém, a decepção foi maior do que se ele não tivesse me criado.
A reportagem apurou que o documento que Mara Maravilha entregou ao pai não teria valor legal, mas poderia ser considerado pelo juiz em um processo, alertam especialistas. Isso porque a lei brasileira garante 50% dos bens para um herdeiro direto. Como Mara não tem filhos, cônjuge ou mãe, a metade da grana iria para o pai biológico.
Mas por que Mara está tão preocupada com a divisão dos seus bens se a partilha só deve acontecer se ela morrer? Ela responde:
— Minha mãe se foi este ano. Estou fragilizada e penso que pode acontecer comigo. Para morrer basta estar viva. Não posso ir em paz se ficar essa situação. Quero poder doar 100% do que construí para quem eu acho que merece. É preciso mudar a legislação. Não é justo.
Fonte: R7