O vice-líder do Governo sugere, também, que seja instituída uma premiação para quem apreender drogas.
Em meio ao crescente índice de violência no Estado, a segurança pública voltou a pautar os discursos dos deputados, ontem, na Assembleia Legislativa. Um dos vice-líderes do Governo, Augustinho Moreira (PV) cobrou do governador Cid Gomes (PSB) mudanças na estrutura e na rotina das polícias Militar e Civil, sugerindo "rodízio" entre delegados e policiais nas delegacias. Antônio Carlos (PT), ex-líder do Governo e hoje um dos integrantes da oposição, também apresentou sugestões, como o fortalecimento do setor de inteligência.
O vice-líder do Governo, Augustinho Moreira, cobrou do governador Cid Gomes um "rodízio" entre delegados e policiais nas delegacias do Estado Moreira justificou sua ideia destacando manchete da edição do dia anterior do Diário do Nordeste que revelou a descoberta, pela Polícia Civil, de um ponto venda de drogas em frente à delegacia do Cumbuco, praia localizada em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza. Para ele, isso demonstra "ou que os policiais estão coniventes com os bandidos ou que não querem trabalhar". "Isso é uma afronta. O Cid tem que tomar uma posição em relação à segurança pública", cobrou o deputado.
Resposta
O parlamentar comparou a situação atual como semelhante à encontrada por ele em 2007, logo após assumir como deputado, no início do 1º mandato de Cid Gomes. De acordo com Augustinho Moreira, na época, ele apresentou requerimento à Secretaria da Segurança Pública, pedindo dados sobre prisões e apreensões de drogas. "Depois de dois meses, me responderam, e eu fiquei surpreso. Enquanto a Polícia Federal tinha apreendido 750 kg de droga, em 2006, a Polícia Civil, apenas 12 kg", contou, relatando ainda a pobreza do material a ele encaminhado, demonstrando, com o documento o descalabro que era aquele setor especializado.
Segundo ele, um pronunciamento mostrando a ineficiência da Polícia Civil foi assimilado pelo Governo. O deputado lembrou que após a constatação, o então secretário da Segurança Pública, na época, Roberto Monteiro, mudou a equipe da Delegacia de Narcóticos (Denarc). "Ele botou à frente de tudo o (delegado) César Wagner, que colocou inúmeros traficantes na cadeia. Ele também tirou os policiais que estavam na Narcóticos e colocou em outras delegacias, e a resposta veio", disse, comentando que Monteiro também tentou fazer o rodízio, "mas parece que houve um freio".
Estimulo
Outra proposta apresentada pelo deputado foi a de uma possível "premiação" do Governo a equipes de policiais por quantidade de droga apreendida.
"A equipe que apreender um quilo de maconha, que dê R$ 500,00. Se for o crack, que é a pior droga da sociedade atualmente, dê mil reais", sugeriu. Para ele, a premiação vai "estimular" policiais na busca por traficantes. "O secretário tem que ouvir os deputados, sejam os da base ou da oposição", cobrou. Em aparte, Fernando Hugo (PSDB) sugeriu que Cid Gomes suspenda as obras que está fazendo em todo o Estado e dê uma "sacudida" na Polícia, para "salvar" a segurança pública. "Esqueça tudo que é obra, chame o alto escalão da PM e da Polícia Civil, se fechem durante uma semana e conversem para encontrar uma forma de diminuir o tráfico.
Se preciso, peça para a presidente Dilma força policial nacional", recomendou. Destacando números do aumento da violência no Estado, o deputado Antônio Carlos (PT), até o ano passado o líder do Governo, por sua vez, reconheceu o "esforço" do governador em prol da segurança pública, mas defendeu que muito ainda precisa ser feito. "Tem aumento de efetivo, de veículos, mas há algo que está errado. Os resultados não estão acompanhando esses investimentos", disse o petista. Segundo ele, o problema da segurança pública é uma questão bem maior, que envolve várias áreas do Governo.
O parlamentar também apresentou uma série de sugestões para tentar diminuir a violência. Uma delas, citou, seria um maior "enraizamento" da polícia comunitária cidadã, papel executado (pelo menos oficialmente) pelo Ronda do Quarteirão atualmente. Outra sugestão, acrescentou, seria o fortalecimento do setor de inteligência da polícia para o combate antecipado aos crimes. "Não adianta de nada tentar abarcar as consequências, sem tentar resolver as causas do problema", avaliou o deputado.
Secretários
Em seu discurso, o parlamentar também sugeriu um novo modelo de visita dos secretários à Assembleia, com mais espaço para discussão. Para ele, logo após a exposição do secretário, os deputados deveriam ter tempo livre para fazer questionamentos. Antônio Carlos sugeriu ainda que a participação dos secretários no ciclo de visitas não impeça que eles sejam convocados, em outro momento, para debater problemas ou situações atuais. Outras manifestações contrárias à sistemática de participação dos secretários em sessões da Assembleia já haviam sido feitas. A não ida do secretário de Segurança, até o momento, tem sido outro motivo de questionamentos naquela Casa.
Fonte: DN