Complexo de favelas no Rio é ocupado para implantação de duas novas UPPs

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RIO - A ocupação das 12 comunidades do Complexo do Lins e Camarista Méier, na Zona Norte do Rio, teve início às 6h deste domingo, para a implantação de mais duas Unidades de Polícia Pacificadora. A partir de agora, serão 36 UPPs no estado. A entrada dos militares nas favelas ocorreu sem confronto. Por volta das 5h30m, homens da Polícia Militar e da Marinha já estavam concentrados em pontos de encontro, para o início da operação. O clima é de aparente tranquilidade na região.
Para os moradores da região, o fim desta madrugada foi diferente, sem o barulho de funks proibidos e de intensos tiroteios, que dominaramas comunidades nos últimos anos. Cerca de 30 minutos depois da passagem de dois blindados da Marinha, tripulados por seis policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) cada, em várias ruas do complexo era possível ouvir músicas, entre elas canções dos Beatles, vindas de uma casa de dois andares, com paredes ainda no tijolo, na Rua Luiz da Silva Monteiro, no alto do morro, na localidade conhecida como Santa Teresinha. Trechos das músicas, como "Hey Jude", "Let it be" e "Yesterday", só eram abafados pelo barulho dos três helicópteros que davam apoio à ação.
Ainda assustados com a chegada dos policiais, os moradores correram para as janelas das casas, temendo possíveis confrontos. Mesmo sem ouvir disparos, praticamente todos os moradores evitaram fazer comentários sobre a ação policial. No alto da comunidade, a vista privilegiada de boa parte da Zona Norte, onde é possível observar a Baía de Guanabara, era elogiada pelos moradores.
— A vista daqui sempre foi privilegiada. Sempre gostei muito de ficar olhando para a cidade. Sobre a ocupação, não gosto de comentar, pois não sei até quando essa ação vai durar. Vai que tudo volta a ser como era antes? — indagou morador, que preferiu não se identificar.
Uma outra moradora, que também preferiu o anonimato, garantiu que sonhe em dias melhores para a família dela.
— Espero que essa ocupação resolva os nossos problemas. Acho que esse é o desejo de todos as pessoas de bem que moram aqui — relatou a moradora, aparentando ter aproximadamente 50 anos.
Os sete blindados da Marinha se dividiram pelas ruas das comunidades, recebendo apoio de veículos do Bope. Logo no início da ação, durante uma manobra, um dos blindados da Marinha derrubou um ponto de ônibus. Uma pessoa foi atingida por um pedaço de concreto e ficou ferida, segundo o site G1.
Pelo menos no início da madrugada, o funcionamento do comércio era normal na comunidade. Policiais do Bope estão fazendo uma varredura pelas ruas do Complexo. Porém, até o momento, não há informações sobre apreensões e prisões.
Um ônibus da Defensoria Pública está parado na frente do Hospital Naval Hospital Naval Marcílio Dias, na Rua César Zama.
Planejamento para a ocupação
Desde o início da madrugada deste domingo, policiais militares e homens do Exército se organizavam para a ação. Os blindados chegaram em carretas por volta de 3h na Rua Dias da Cruz, seguindo para a Rua Pedro de Carvalho, onde ficava a concentração dos agentes.
Por medida de segurança, a Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá foi interditada ao tráfego de veículos, em ambos o sentidos, por volta das 5h. A via foi reaberta pouco antes das 7h. Os motoristas que passam pelo local também podem utilizar a Linha Amarela ou o Alto da Boa Vista.
Desde a noite deste sábado, a Rua Pedro de Carvalho, no Méier, também está interditada por causa da operação policial. O Centro de Operações da Prefeitura informou que o estacionamento está proibido na via. Por conta disso, não será implantada a área de lazer na Rua Dias da Cruz neste domingo. A via permanecerá aberta ao tráfego de veículos para garantir o bom fluxo de veículos na região.
Desde a noite de sábado, agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) faziam ações em pontos estratégicos da cidade, como a Ponte Rio Niterói e a Rodovia Washington Luís.
Em nota, a assessoria do governador Sérgio Cabral informa que ele irá às 10h ao Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, para encontrar o secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame e suas equipes.
Segundo a Secretaria estadual de Segurança, 370 homens do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope); do Batalhão de Choque (BPChoque); do Batalhão de Ações com Cães (BAC); e policiais da Corregedoria Interna da Polícia Militar, participam da ocupação. Cem homens da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e de delegacias especializadas da Polícia Civil também estão na operação. A Polícia Rodoviária Federal dá apoio à operação com 120 policiais. Já o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil apoia a ação com 180 militares e 14 veículos blindados. A Polícia Civil emprega ainda 340 agentes e peritos, além de 31 delegados, que desde às 22h de sexta-feira até a noite da próxima terça-feira ficam em apoio às operações.
A Secretaria de Segurança solicita a colaboração dos moradores dessa região na denúncia de criminosos, esconderijos e locais onde possam estar guardados armas, drogas, objetos roubados e outros produtos ilegais. Os moradores podem ligar para o Disque-Denúncia, 2253-1177, ou para o 190 da Polícia Militar.
O Globo 
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