Cymothoa exigua: Conheça o parasita que se alimenta da língua do próprio hospedeiro

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O animal, dentro da boca do peixe, funciona como uma língua que auxilia na trituração dos alimentos empurrando-os contra os dentes minúsculos do peixe que ficam no céu de sua boca.

Que tal ter um "bicho" em sua língua sugando seu sangue diariamente?
Além de se alimentar da língua de seu hospedeiro, o parasita se oferece para ser o órgão que ele mesmo consumiu.
O animal, dentro da boca do peixe, funciona como uma língua que auxilia na trituração dos alimentos empurrando-os contra os dentes minúsculos do peixe que ficam no céu de sua boca.
Cymothoa exigua tem acesso à parte interna do peixe através de suas guelras. Este ataque notável é o único exemplo conhecido no reino animal de um parasita que substitui funcionalmente um órgão de seu hospedeiro.

Foto: Reprodução / LitBloc
De acordo com o biólogo marinho Rick Brusca, da Universidade do Arizona, EUA, embora existam centenas de espécies de isópodes, apenas o C. exiguarealmente consegue assumir as atribuições do órgão por completo.
Esta espécie de isópode é hermafrodita protândrica. Isto é, ela primeiramente amadurece como macho, mas em seguida, muda de sexo tornando-se fêmea. Quando um parasita como este entra pelas guelras de um peixe, ele ainda é macho, mas quando outro parasita da mesma espécie também entra naquele peixe, o segundo obriga o primeiro a se transformar em fêmea. Em seguida, ambos partem para as brânquias através da garganta, e se anexam na língua do peixe. É ali que o segundo peixe fecunda a recém-transformada parasita fêmea.

Foto: Reprodução / MDig
A fêmea se fixa firmemente na língua do peixe por meio de seus sete pares de pernas nos quais possui na ponta um espinho pontiagudo parecido com o ferrão de um escorpião. Ali a fêmea acasala e permanece o resto de sua vida.
Conforme a fêmea vai crescendo, ela vai se alimentando da língua do peixe hospedeiro, mas ao contrário do que se poderia imaginar, ela não corrói o órgão, e sim, suga todo o seu sangue. De acordo com Brusca, o parasita tem cinco conjuntos de mandíbulas, todas elas operam juntas. Uma das mandíbulas funciona como uma longa e cortante lança que fatia e abre o tecido do hospedeiro, as outras mandíbulas trabalham como se fossem canudos, sugando o sangue da língua.
Desse modo, a língua, sem circulação, atrofia pouco a pouco e deixa de funcionar completamente. O parasita novamente entre em ação, mas dessa vez, recua três ou quatro pares de pernas e torna-se a nova língua do peixe.

Foto: Reprodução / Maria Sala / University College Dublin
No entanto, a partir do momento que a língua do seu hospedeiro atrofia, ela já não serve mais como fonte de alimento, obrigando a fêmea e seus filhotes a viverem desde então apenas com as fontes de energia armazenadas. Os cientistas ainda não sabem ao certo em que ponto exatamente os filhotes deixam a companhia da mãe, e saem para encontrar outros peixes para que sirvam como seus próprios hospedeiros.
Brusca acredita que tudo depende do estágio da vida do próprio peixe, que invariavelmente não passa a ter uma vida tão longa, uma vez que tenha um parasita e sua prole em seu organismo. Ambos na verdade estariam condenados: após a procriação o parasita já não tem mais a capacidade de nadar e por isso depende exclusivamente do peixe, que sem sua língua verdadeira não sobrevive por muito tempo.
Segundo o biólogo, há ainda muito que aprender, mas está claro que as vantagens deste estilo de vida favorecem apenas ao parasita. O animal não só recebe uma refeição regular por um bom tempo, como fica alocado em um lugar confortável e seguro no qual pode perfeitamente procriar e passar adiante seus genes.
Já o pobre peixe hospedeiro, torna-se uma miserável vítima de um parasita que lhe culmina uma morte prematura e, provavelmente, sofrida.
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Fonte:http://www.jornalciencia.com
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