O número cada vez maior de adolescentes que desaparecem em Camocim parece não estar servindo de alerta para as autoridades. Pelo menos é o que podemos constatar. Temos publicado em um ritmo crescente casos em que meninas, e são só meninas, desaparecem do nada de suas residências. O que vem chamando nossa atenção é a semelhança das histórias. Geralmente são meninas entre 11 e 17 anos, de boa aparência, e sempre, em todos os casos, oriundas de famílias de baixa renda. Outro dado chamou nossa atenção: Em 80% dos casos, elas foram vistas pela última vez sendo convidadas para seguir rumo à Praia de Jericoacoara, uma das 10 praias mais famosas do mundo, que concentra um grande número de turistas estrangeiros durante todo o ano.
Vale lembrar que o Ceará é uma das principais rotas para o turismo sexual e o tráfico de seres humanos. O fato das "vítimas" serem de famílias pobres é fácil de explicar: A falta de dinheiro em casa, da possibilidade da jovem usufruir das novidades digitais, das roupas de grife, de um pouco de luxo, deixam essas meninas mais vulneráveis aos "ataques" das agenciadoras, que são pagas para conseguir "carne fresca", como muitos chamam, para que sejam exploradas sexualmente. Essa é a realidade que não é enfrentada, até porque esse é o tipo de verdade que mostra a hipocrisia típica de uma sociedade que vive em desigualdade social constante. É como se os fatos fossem invisíveis, mas só enquanto estiverem ocorrendo com as filhas de famílias carentes, que vivem excluídas socialmente.
Postado por Tadeu Nogueira
Fonte: Camocim Online