Além de terem que se dedicar a tratamentos, eles relatam preconceito de empregadores
A estudante Graciela Geraldo, de 19 anos, solta uma secreção ao tossir desde que sobreviveu ao incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS). Assim como ela, uma centena de jovens não conseguiram voltar a ter uma rotina que não seja dividia entre tratamentos médicos após a tragédia que matou 242 pessoas. Os sobreviventes que trabalhavam têm direito a receber um auxílio doença, mas os que estavam desempregados não conseguem retornar ao mercado de trabalho por conta das doenças adquiridas, pelo tempo exigido para se tratar e pelo preconceito dos empregadores. Unidos, eles lutam por uma lei de indenização.
Segundo o presidente da Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia, Adherbal Ferreira, uma vítima chegou a relatar que foi demitido do emprego pela alegação de que nunca mais voltaria a ter uma vida normal e que os problemas ainda poderiam se agravar.
— Acompanhamos os sobreviventes da tragédia como a de Santa Maria que aconteceu na Argentina que matou 194 pessoas e sabemos que os problemas de saúde podem se agravar e que algumas sequelas são definitivas. Queremos que o Estado crie uma lei que respalde essas pessoas. Que elas recebam pensão ou que os empregadores tenham algum tipo de incentivo para contratá-las.
Graciela foi até a Kiss com outras quatro amigas, todas morreram. Ela diz que não se lembra como conseguiu sair lá de dentro. Ela retornou no segundo semestre para o curso de processos químicos na Universidade Federal de Santa Maria, mas enfrenta um longo trabalho de recuperação. Ela ficou um mês internada.
— Eu já tinha ido até a Kiss algumas vezes e acho que foi o que me ajudou a encontrar a saída porque é inexplicável eu ter conseguido escapar. Ainda não acredito que isso tudo aconteceu, é muito estranho falar disso tudo.
A associação dos sobreviventes estima que cerca de 113 jovens ainda façam tratamento por conta do incêndio. A prefeitura da cidade não soube confirmar o dado. No início de dezembro, representantes da própria associação, sobreviventes, Ministério da Justiça, da Secretaria de Direitos Humanos, SUS (Sistema Único de Saúde) e da UFSM, se reuniram no Senado em assembleia para expor os problemas de quem saiu com vida da tragédia e precisa de respaldo. A proposta de uma lei especifica para casos como esse foi apresentada aos senadores. Adherbal Ferreira informou que o pedido ainda será analisado.
— Se o Estado não foi suficiente para proteger essas pessoas de uma tragédia como esse que ao menos dê condições de elas sobreviverem com dignidade. Em alguns casos queremos que as vítimas sejam aposentadas por invalidez.
Ponto de vista médico
Segundo o presidente da Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia, Adherbal Ferreira, uma vítima chegou a relatar que foi demitido do emprego pela alegação de que nunca mais voltaria a ter uma vida normal e que os problemas ainda poderiam se agravar.
— Acompanhamos os sobreviventes da tragédia como a de Santa Maria que aconteceu na Argentina que matou 194 pessoas e sabemos que os problemas de saúde podem se agravar e que algumas sequelas são definitivas. Queremos que o Estado crie uma lei que respalde essas pessoas. Que elas recebam pensão ou que os empregadores tenham algum tipo de incentivo para contratá-las.
Graciela foi até a Kiss com outras quatro amigas, todas morreram. Ela diz que não se lembra como conseguiu sair lá de dentro. Ela retornou no segundo semestre para o curso de processos químicos na Universidade Federal de Santa Maria, mas enfrenta um longo trabalho de recuperação. Ela ficou um mês internada.
— Eu já tinha ido até a Kiss algumas vezes e acho que foi o que me ajudou a encontrar a saída porque é inexplicável eu ter conseguido escapar. Ainda não acredito que isso tudo aconteceu, é muito estranho falar disso tudo.
A associação dos sobreviventes estima que cerca de 113 jovens ainda façam tratamento por conta do incêndio. A prefeitura da cidade não soube confirmar o dado. No início de dezembro, representantes da própria associação, sobreviventes, Ministério da Justiça, da Secretaria de Direitos Humanos, SUS (Sistema Único de Saúde) e da UFSM, se reuniram no Senado em assembleia para expor os problemas de quem saiu com vida da tragédia e precisa de respaldo. A proposta de uma lei especifica para casos como esse foi apresentada aos senadores. Adherbal Ferreira informou que o pedido ainda será analisado.
— Se o Estado não foi suficiente para proteger essas pessoas de uma tragédia como esse que ao menos dê condições de elas sobreviverem com dignidade. Em alguns casos queremos que as vítimas sejam aposentadas por invalidez.
Ponto de vista médico
O pneumologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Oliver Nascimento, conversou com o R7 e explicou os efeitos que a inalação de fumaça provoca no corpo. Ele afirma que realmente os sobreviventes podem ter adquirido sequelas permanentes que os impeçam de retornar ao mercado de trabalho.
— Tudo depende de quanto tempo a pessoa ficou exposta a inalação da fumaça produzida dentro da boate. Quem sobrevive pode ter inflamação da traqueia e brônquios e nunca mais ter o pulmão funcionando 100%.
Essa inflamação, segundo ele, produz insuficiência respiratória, pneumonias constantes, além de alguns problemas neurológicos.
— Cada corpo reage de um jeito. Alguns se recuperam mais, porém algumas pessoas podem apresentar um aumento das sequelas com o tempo.
— Tudo depende de quanto tempo a pessoa ficou exposta a inalação da fumaça produzida dentro da boate. Quem sobrevive pode ter inflamação da traqueia e brônquios e nunca mais ter o pulmão funcionando 100%.
Essa inflamação, segundo ele, produz insuficiência respiratória, pneumonias constantes, além de alguns problemas neurológicos.
— Cada corpo reage de um jeito. Alguns se recuperam mais, porém algumas pessoas podem apresentar um aumento das sequelas com o tempo.
Incêndio
O incêndio dentro da boate Kiss no centro de Santa Maria, cidade a 290 km da capital, Porto Alegre, aconteceu na madrugada de 27 de janeiro.
O fogo começou porque, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, um dos integrantes acendeu um artefato pirotécnico — uma espécie de fogo de artifício chamado "sputnik" — que, ao ser lançado, atingiu a espuma do isolamento acústico, no teto da boate. As chamas se espalharam em poucos minutos.
A casa noturna estava cheia na hora em que o fogo começou, com cerca de mil pessoas. O incêndio provocou pânico e muitas pessoas não conseguiram acessar a saída de emergência. Os donos não tinham qualquer autorização do Corpo de Bombeiros para organizar um show pirotécnico na casa noturna. O alvará da boate estava vencido desde agosto de 2012, afirmou o Corpo de Bombeiros.
Dois músicos e dois donos da casa noturna chegaram a ser presos, mas respondem ao processo em liberdade. No mês passado, a Justiça determinou a limpeza e descontaminação da boate para avaliar se é possível realizar uma reconstituição do incêndio. A boate ainda está lacrada com tapumes. A Brigada Militar disponibiliza ao menos um policial para fazer a segurança na boate 24 horas por dia para preservar o local até que a Justiça determine a liberação.