A ideia surgiu durante a Marcha das Vadias, realizada no Rio no dia 27 de julho. A atriz e produtora de teatro Ana Rios e a amiga Bruna Oliveira estavam juntas no evento – que reivindicava a igualdade de direitos para homens e mulheres e protestava contra o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara –, quando perceberam olhares de repreensão de quem passava pelo entorno.
Durante a marcha, elas usavam sutiãs e outras integrantes faziam topless. Incomodadas com a repressão, decidiram criar um "Toplessaço", marcado para o dia 21 de dezembro, na Praia de Ipanema, Zona Sul da cidade. "É um absurdo que no Rio o topless tenha virado caso de polícia. Me incomoda o fato de um policial perder o tempo dele indo pedir para alguém colocar biquíni", reclamou Ana.
"Durante a marcha, percebi que a existência do topless era muito agressiva. Ouvi várias pessoas falando coisas horríveis. Comentei com a Bruna como achava louco as pessoas terem uma reação tão violenta com o corpo feminino. Há uma aceitação em um contexto de compra e venda, mas não no contexto natural. Até em revistas de amamentação, é muito raro ver mulheres com os peitos de fora", disse a organizadora do evento ao G1.
Na época, por causa do inverno, Ana e Bruna combinaram que fariam o evento no primeiro sábado de verão. A ideia foi reforçada após a publicação de uma matéria no jornal "O Globo", no dia 2 de dezembro, que citava um episódio ocorrido na Praia do Arpoador, em 14 de novembro. Na ocasião, os atores Cristina Flores e Álamo Facó posavam para a campanha de divulgação da peça "Cosmocartas". Segundo a reportagem, Cristina tirou a blusa e foi repreendida por policiais militares.
"Vi a matéria do 'Globo' e pensei: 'Caramba, mais uma vez'. O fato mais importante é a naturalização do corpo. Por que temos que lidar com o corpo como consumo ou como vergonha? Mas o mais importante de tudo é isso ser caso de polícia. Todo mundo mamou no peito, e isso [topless] não pode ser assunto de polícia", destacou Ana.
Na época, por causa do inverno, Ana e Bruna combinaram que fariam o evento no primeiro sábado de verão. A ideia foi reforçada após a publicação de uma matéria no jornal "O Globo", no dia 2 de dezembro, que citava um episódio ocorrido na Praia do Arpoador, em 14 de novembro. Na ocasião, os atores Cristina Flores e Álamo Facó posavam para a campanha de divulgação da peça "Cosmocartas". Segundo a reportagem, Cristina tirou a blusa e foi repreendida por policiais militares.
"Vi a matéria do 'Globo' e pensei: 'Caramba, mais uma vez'. O fato mais importante é a naturalização do corpo. Por que temos que lidar com o corpo como consumo ou como vergonha? Mas o mais importante de tudo é isso ser caso de polícia. Todo mundo mamou no peito, e isso [topless] não pode ser assunto de polícia", destacou Ana.
Ana Rios na Marcha das Vadias no Rio
(Foto: Reprodução/ Facebook)
(Foto: Reprodução/ Facebook)
Protesto coletivo
As organizadoras não querem usar megafones para pedir que as pessoas tirem a parte de cima do biquíni. Eles propõem um ato descentralizado. "É uma coisa de micropolítica. No primeiro dia, as pessoas vão achar estranho, mas a ideia é ir naturalizando. Prefiro que seja uma decisão de cada um. Mas já vi que tem uma galera se organizando. Tem gente preocupada com a reação da polícia. Talvez mais perto, a gente acabe marcando um ponto de encontro. Mas a ideia é que seja um ato individual. Um ato coletivo, mas individualmente realizado", pontuou Ana.
Para ela, o moralismo e o machismo são os responsáveis pelo espanto que o topless ainda causa nos brasileiros. "A mulher é vista como propriedade ou objeto a ser desejado. A gente tem muita dificuldade de ser só pessoa. Acaba que os hábitos são todos só baseados nisso. [O topless] é uma coisa que já se estabeleceu no mundo. A gente não conseguiu isso no Brasil. A gente tem o culto ao corpo, mas não tem uma aceitação dos corpos como eles são".
O evento foi criado no Facebook na segunda-feira (2) à noite. Na tarde de quarta-feira (4), mais de 10 mil pessoas já haviam sido convidadas, com mais de 1.500 confirmações de presença. De acordo com Ana, homens também devem participar com a parte de cima de biquíni para mostrar solidariedade ao movimento.
As organizadoras não querem usar megafones para pedir que as pessoas tirem a parte de cima do biquíni. Eles propõem um ato descentralizado. "É uma coisa de micropolítica. No primeiro dia, as pessoas vão achar estranho, mas a ideia é ir naturalizando. Prefiro que seja uma decisão de cada um. Mas já vi que tem uma galera se organizando. Tem gente preocupada com a reação da polícia. Talvez mais perto, a gente acabe marcando um ponto de encontro. Mas a ideia é que seja um ato individual. Um ato coletivo, mas individualmente realizado", pontuou Ana.
Para ela, o moralismo e o machismo são os responsáveis pelo espanto que o topless ainda causa nos brasileiros. "A mulher é vista como propriedade ou objeto a ser desejado. A gente tem muita dificuldade de ser só pessoa. Acaba que os hábitos são todos só baseados nisso. [O topless] é uma coisa que já se estabeleceu no mundo. A gente não conseguiu isso no Brasil. A gente tem o culto ao corpo, mas não tem uma aceitação dos corpos como eles são".
O evento foi criado no Facebook na segunda-feira (2) à noite. Na tarde de quarta-feira (4), mais de 10 mil pessoas já haviam sido convidadas, com mais de 1.500 confirmações de presença. De acordo com Ana, homens também devem participar com a parte de cima de biquíni para mostrar solidariedade ao movimento.
Topless coletivo acontecerá no dia 21 abertura do Verão no Rio (Foto: José Pedro Monteiro/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
G1