O governador do Estado americano de Nova Jersey, Chris Christie, pede desculpas à população por escândalo do trânsito na ponte George Washington (Foto: Mel Evans/AP)
O republicano Chris Christie estava voando baixo no cenário político americano. Governador do Estado de Nova Jersey, Christie conquistou uma vitória esmagadora em novembro do ano passado, quando disputava a reeleição. Seu governo era bem avaliado por mais de 70% da população de Nova Jersey, de acordo com institutos de pesquisa. Com sua forte popularidade e uma imagem de valentão, de político que diz o que pensa e faz o que é preciso, Christie se tornou um dos principais nomes do Partido Republicano para derrotar os Democratas nas próximas eleições presidenciais, em 2016. Nesta semana, no entanto, sua corrida à Casa Branca ficou parada. No trânsito.
Christie está no centro do mais novo escândalo político dos Estados Unidos. Uma troca de emails publicada na última quarta-feira (8) mostra que assessores muito próximos do governador orquestraram um imenso congestionamento na cidade de Fort Lee, Nova Jersey, para punir um adversário político de Christie. O escândalo suja a imagem do republicano e pode ter impactos na próxima eleição para presidente dos EUA.
O congestionamento aconteceu em meados de setembro de 2013, durante a campanha de reeleição de Christie. A agência que controla o acesso entre Nova Jersey e Nova York fechou duas pistas da Ponte George Washington. Não houve aviso prévio ou explicação para a manobra de trânsito, e o resultado foi um engarrafamento gigante na cidade de Fort Lee, no lado de Nova Jersey da ponte. Após quatro dias de tânsito intenso e reclamações, a ponte voltou a operar normalmente, e as autoridades justificaram a medida dizendo que se tratava de um estudo sobre o tráfego. Dias após o caos em Fort Lee, começaram a surgir as primeiras denúncias de que o trânsito teria sido proposital. O governo sempre negou. Até esta semana.
As trocas de emails mostram que um círculo de assessores bem próximos do governador orquestraram o congestionamento como uma forma de vingança contra o prefeito de Fort Lee, Mark Sokolich. Democrata, Sokolich apoiou Barbara Buono, adversária de Christie nas eleições para governador em 2013. As mensagens divulgadas mostram a conversa de David Wildstein, um dos diretores resposáveis pela ponte, e Bridget Anne Kelly, uma das principais assessoras do governador. Os emails foram divulgados pelo próprio Wildstein, após as denúncias chegarem a ele.
Uma das mensagens é precisamente a ordem para fechar as pistas da ponte.
Bridget Anne Kelly: "Está na hora de alguns problemas de trânsito em Fort Lee"
David Wildstein: "Entendi"
David Wildstein: "Entendi"
Em outra, eles falam sobre atrasos que o megatrânsito causou nos ônibus escolares.
David Wildstein: "O prefeito nos escreveu. Disse: 'Atualmente quatro pistas estão sendo encaminhadas a apenas uma cabine de pedágio... o maior problema é levar as crianças para a escola. Por favor, nos ajude'"
Bridget Anne Kelly: "É errado que eu esteja sorrindo?"
David Wildstein: "Não"
Bridget Anne Kelly: "Eu me sinto mal pelas crianças, acho"
David Wildstein: "São os filhos dos eleitores de Buono"
Bridget Anne Kelly: "É errado que eu esteja sorrindo?"
David Wildstein: "Não"
Bridget Anne Kelly: "Eu me sinto mal pelas crianças, acho"
David Wildstein: "São os filhos dos eleitores de Buono"
Após as revelações, Christie procurou dar uma resposta rápida ao escândalo. Ele demitiu Kelly e afastou o organizador de sua campanha política. O governador falou aos jornalistas na quinta-feira (9), quando afirmou que seus assessores agiram sem o seu consentimento. "Eu venho pedir desculpas ao povo de Nova Jersey. Estou envergonhado e humilhado. Fiquei chocado com a estupidez que foi mostrada nesse caso", disse.
Ainda é cedo para saber se as desculpas serão aceitas pelos eleitores. A imagem de valentão do governador não combina com a sua tese de que não sabia de nada, mas alguns analistas políticos americanos acreditam que ele conseguiu passar credibilidade no seu pedido de desculpas. Agora, Christie terá um longo caminho para percorrer para conseguir colocar sua candidatura de volta nas pistas. E ele espera não encontrar congestionamentos até as eleições de 2016.
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