A partir de 10 de março, todas as garotas brasileiras de 11 a 13 anos terão direito a se vacinar contra o vírus do HPV na rede pública de saúde. A medida foi anunciada nesta quarta-feira (22), pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha. No ano que vem, a faixa etária da campanha será ampliada para a partir dos nove anos.
A vacina será ministrada nas 36 mil salas de vacinação do SUS (Sistema Único de Saúde) e também em escolas públicas e privadas, em ações organizadas pelos municípios. O governo pretende vacinar, até o final do ano, cinco milhões de garotas.
O vírus do HPV é sexualmente transmissível e está relacionado a 90% dos casos de câncer de colo de útero, o terceiro que mais atinge as mulheres brasileiras. O HPV também pode provocar o surgimento de verrugas genitais.
A imunização ocorre após três doses da vacina. A segunda dose deve ser ministrada seis meses após a primeira. Já a terceira dose, só é aplicada cinco anos após a primeira. O intervalo tem o objetivo de aumentar a resposta imunológica à vacina.
O Ministério da Saúde adquiriu 15 milhões de doses para o ano de 2014, ao custo individual de R$ 31,02 e total de R$ 465 milhões. A aquisição foi feita por meio de uma parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo, e o laboratório MerckSharpDohme, com validade de cinco anos e transferência de tecnologia.
Ao longo desse período, serão adquiridas 41 milhões de doses da vacina, ao custo de R$ 1,1 bilhão. Após esse prazo, o Instituto Butantan deverá ser capaz de produzir as doses no Brasil. A vacina tem eficácia de 98,8% contra o câncer do colo de útero, segundo o governo.
A idade-alvo do programa de imunização – de 9 a 13 anos – é recomendada pela OMS (Organização Mundial de Saúde). O objetivo é vacinar as garotas antes que elas iniciem a vida sexual e possam ter contato com o vírus. Essa faixa etária, segundo estudos, também é a que alcança o melhor resultado de imunização.
Em coletiva de imprensa, Padilha afirmou que a campanha de vacinação do HPV será a maior do mundo nesse gênero, com doses distribuídas pelo poder público, de forma gratuita.
Indagado sobre a participação dos pais na decisão de vacinar os filhos, o ministro disse que eles poderão enviar um termo de recusa às escolas, solicitando que as filhas não sejam vacinadas. "A gente sabe que há pais que preferem não vacinar os filhos para nada", declarou.
Mas Padilha ponderou que os pais "têm que pensar em proteger essa futura mulher, ainda menina, e saber que essa faixa etária é a que gera maior proteção para quando essa mulher, no futuro, tiver atividade sexual", afirmou. Segundo ele, a vacina "é um ato de proteção às futuras mulheres brasileiras".
O governo espera, com a medida, reduzir a incidência do colo de útero no futuro. Hoje o Brasil registra anualmente 15 mil novos casos da doença, responsável pela morte de 4,8 mil mulheres. No mundo, 290 milhões de mulheres são portadoras do HPV, de acordo com estimativas da OMS.
UOL