Grupo que ensina pessoas a andarem de bicicleta recebe média de 50 pessoas a cada realização do evento
“Recebemos uma média de 50 pessoas a cada manhã do evento. Antes, a bicicleta era tida como meio de locomoção da classe média baixa e agora a classe média se interessou e quer aprender a andar, não só por lazer, mas como transporte, por questão de consciência, tanto ambiental, quanta urbanística e por mais qualidade de vida. As pessoas estão mais preocupadas com a saúde, com o meio ambiente, mais preocupadas com a cidade e, de alguma forma, acham que pedalando, deixando o carro em casa vão ajudar”, disse Beatriz.
A maioria do público, ressalta, é de adultos que nunca aprenderam a pedalar e agora viram, na cidade mais amigável com o ciclista, a oportunidade para realizar esse desejo. “Sentimos um interesse muito maior agora”.
Se para as crianças tentar, cair e levantar pode ser simples, para os adultos, o receio disso acontecer é algo que geralmente atrapalha no processo. Beatriz explica que o medo é a única dificuldade a mais enfrentada por quem tenta aprender na fase adulta. “A criança é muito destemida, tenta sem medo e aprende muito rápido. O adulto tem muito a questão do bloqueio e precisa entender que bicicleta é apenas uma questão de equilíbrio e que não importa se você é mais velho ou não. Qualquer idade aprende”, destaca.
Ainda de acordo com a “bike anjo”, a pessoa que tenta aprender a pedalar precisa manter o seu equilíbrio no tronco, ao invés de colocar a força toda nos braços. “É preciso ver qual o melhor pedal para começar, se direito ou esquerdo, e tentar o equilíbrio usando o freio”.
Procura
E a procura pelo serviço, na manhã de ontem, foi intensa na Praça Luiza Távora. Cerca de 47 pessoas compareceram, gerando, inclusive, uma pequena fila de espera. A maioria era adulto, em idades variadas, tentando recuperar o tempo perdido e aproveitar os benefícios da bicicleta.
Com as orientações dos “bike anjos” e após diversas tentativas, muitos conseguiram, enfim, se equilibrar em cima da bicicleta e dar as primeiras pedaladas sozinhos. Uma delas foi a secretária Valquíria Moreira, 62, que começou a ter o equilíbrio necessário para andar sozinha a partir da segunda aula.
“Ainda tenho um pouco de medo mas estou quase andando. Não tive vontade de aprender quando mais nova e não acho que a idade seja um empecilho para isso. Participo de corridas e quero aprender a pedalar como mais uma forma de atividade física”, diz.
Para a administradora Wesla Oliveira, 33, que já consegue se equilibrar, o problema é conseguir deixar os dois pés nos pedais na hora de sair. “Já tinha tentando uma vez sem sucesso mas assim é legal porque temos pessoas capacitadas e com muita paciência do nosso lado, isso nos dá uma segurança”, avalia. A necessidade de aprender a pedalar, diz ela, veio com o exemplo dos amigos. “Tenho muita vontade de participar dos passeios noturnos que têm em Fortaleza e de andar na ciclofaixa de lazer. Todos os meus amigos vão e eu sempre fico de fora, por isso reuni coragem para aprender”.
Já a queda que levou tentando andar na infância, fez a enfermeira Juliana da Costa, 36, desistir da ideia, ainda quando pequena. Somente agora, depois de uma viagem com amigos, decidiu tentar novamente. “Tiveram a ideia de fazermos um tour por Londres de bike, mas, como eu não sabia andar, a única do grupo, desistiram”, conta. Agora, depois das primeiras noções após tanto tempo, a futura ciclista conseguiu andar sozinha. “Parar usando o freio sem cair é o mais difícil. Eu sempre quis muito aprender e não sabia que existia um grupo assim. A gente, que é adulto, fica com mais receio de não aprender e por isso acho essa iniciativa muito importante”.
Trânsito
O grupo Bike Anjo repassa, ainda, orientações de como os ciclistas devem se portar no trânsito da cidade com mais segurança, com conceitos importantes de sinalização e postura ao pedalar, baseado nas regras do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Para isso, é preciso entrar no site www.bikeanjo.org, e solicitar o serviço, que é prestado gratuitamente. O Grupo poderá, por exemplo, fazer com o cliente o percurso de casa até o trabalho, traçando rotas mais seguras e com menor fluxo de veículos.
Fonte: Diário do Nordeste