Clarinha foi internada em junho de 2000, após ser atropelada no Centro de Vitória, no Espírito Santo. Ela morreu na última quinta-feira. Conheça a história.
Uma mulher não identificada estava em coma há 24 anos no Hospital da Polícia Militar, no Espírito Santo. A história de Clarinha, como ficou conhecida, terminou na noite da última quinta-feira, 14 de março. Ela morreu em decorrência de uma broncoaspiração.
Clarinha foi internada na unidade em junho do ano 2000, quando foi vítima de um atropelamento no Centro de Vitória. Quem confirmou a morte da paciente foi Jorge Potratz, médico que cuidou da mulher o tempo todo.
Segundo informações, ela passou mal e teve uma broncoaspiração, condição em que alimento ou líquidos são aspirados pelas vias aéreas, durante a manhã. Ela não resistiu e morreu à noite do mesmo dia.
“Recebi com muito pesar a notícia. Imediatamente, fui ao hospital conversar com a equipe. É uma perda para todos nós. Tenho sentimento de apego, de carinho, de humanidade mesmo. Foi uma paciente que marcou a minha vida inteira”, disse Potratz.
A mulher chegou sem identificação após acidente, Clarinha foi atropelada em 12 de junho de 2000, no Centro de Vitória, capital do Espíirto Santo. O local do atropelamento e o veículo que atingiu a mulher nunca foram identificados pela polícia.
A mulher, que tinha entre 20 e 30 anos na época, foi socorrida por uma ambulância, mas estava sem documentos. Ela chegou ao hospital já inconsciente. A paciente permaneceu em estado vegetativo na UTI desde então. Ao longo dos 24 anos, ninguém a visitou, além de Potratz que, mesmo aposentado, seguia visitando a paciente. Foi o médico quem, em 2016, escolheu o nome para a mulher, por ela ser “bem branquinha”.
A equipe considerava o coma de Clarinha elevado. Conforme o médico explicou há oito anos, o coma é clasisficado em uma escala de três a quinze pontos. O nível quinze é quando o paciente acordado e lúcido e três é o coma mais profundo. “Ela não tem nenhum contato com a gente e por isso a gente considera um coma de sete para oito”, explicou.
Busca pelos parentes de Clarinha ao longo do tempo. Após uma reportagem em 2016, em torno de 100 famílias procuraram o Ministério Público do Espírito Santo para identificar Clarinha como parente desaparecida pelas fotos e dados próximos ao perfil da mulher internada. O MPES descartou todas as famílias devido à incompatibilidade de informações e por resultados incompatíveis para traços familiares em testes de DNA.
Médicos não querem enterrar Clarinha como indigente, como não tem documentos, o corpo pode ser sepultado como “indigente”. No entanto, a equipe médica do hospital tenta realizar um sepultamento digno para Clarinha. Ainda não se sabe o que acontecerá, mas o plano é não deixar ela ser enterrada em um lugar qualquer.
Potratz afirmou que solicitará à Prefeitura de Vitória para realizar o enterro em um cemitério municipal, por ter criado grande vínculo afetivo devido aos anos que se dedicou aos cuidados da paciente.”Gostaria que ela tivesse uma lápide, onde as pessoas, que assim desejarem, pudessem ir fazer uma oração. Precisamos ter mais humanidade com as pessoas e continuar tentando dar dignidade à Clarinha”, enfatizou o médico.
Fonte: Sistema Paraíso