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Famílias prestam depoimentos à Polícia Civil nesta semana. Os bebês nasceram em 15 de outubro de 2021, um às 7h35 e outro às 7h49.
Yasmin da Silva, mãe de um dos bebês trocados no Hospital da Mulher, em Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia, afirmou acreditar que uma "destroca" não é mais viável após três anos de convivência. Segundo ela, a solução seria a convivência entre as duas famílias.
“Foi muito tempo, muito cuidado, amamentando meu filho, que mama até hoje. O que queremos é conviver como uma grande família com os nossos filhos biológicos”, declarou Yasmin.
Yasmin da Silva e Cláudio Alves prestaram depoimento na terça-feira (10). Na segunda-feira (9), a mãe de Yasmin, Silvânia Hilário, a mãe de Isamara Mendanha, Isabel Flores, e o advogado Márcio Rocha também foram ouvidos.
De acordo com Márcio Rocha, advogado que acompanha as famílias, foi solicitada uma liminar para a realização de exames de DNA que possam confirmar a troca dos bebês.
“Apesar de os traços já estarem nitidamente trazendo informações precisas nesse sentido, só o exame de DNA poderá trazer a exatidão necessária. Após isso, as famílias já foram orientadas e iniciaram alguns tratamentos psicológicos com profissionais da área", explicou.
O advogado destacou que a Justiça considera duas possibilidades: a determinação da destroca ou a realização de alterações nos registros, reconhecendo vínculos biológicos, socioafetivos ou adotivos. A decisão deve levar em conta o acordo entre as famílias. “Se houver divergências, há uma grande possibilidade de o juiz determinar a destroca”, concluiu.
Os bebês nasceram no dia 15 de outubro de 2021, um às 7h35 e o outro às 7h49, conforme relataram as famílias. Os partos foram realizados por equipes médicas distintas. Os pais afirmaram que não puderam acompanhar o nascimento dos filhos devido às restrições impostas durante o período da pandemia de Covid-19.
A troca foi descoberta após um dos casais se separar, pois Cláudio Alves solicitou um exame de DNA para comprovar a paternidade do filho. A ex-mulher, Yasmin Kessia da Silva, de 22 anos, também quis fazer o exame. “Se ele não fosse filho do Cláudio, também não era meu”, disse.
O exame foi realizado no dia 31 de outubro de 2024 e o laboratório pediu uma contraprova, que indicou que a criança não era filho de Yasmin nem de Cláudio.
“Eles disseram que o sangue do meu filho não era compatível com o meu. Eu pensei que era um erro. Mas veio a contraprova”, disse Yasmin.
A jovem se lembrou da família que estava no mesmo dia do nascimento do filho e conseguiu contato com eles por meio de um pastor. Após ela entrar em contato e contar o que houve, Isamara Cristina Mendanha, de 26 anos, e Guilherme Luiz de Souza, 27 anos, também fizeram o exame de DNA com o filho, que apresentou incompatível.
As famílias ainda não têm a prova de que o filho biológico de Yasmin está com a família de Isamara. Ao g1, Cláudio afirmou que não fizeram a comprovação da paternidade dos pais biológicos porque precisa de autorização judicial. O pedido à Justiça já foi feito, mas não foi avaliado até esta segunda-feira (9).
As famílias disseram que as mães não tiveram nenhum acompanhamento durante o parto. Elas só se lembram de ver os filhos no quarto, depois que passou o efeito da anestesia. Nenhuma delas se lembra se havia pulseiras de identificação nas crianças, mas uma foto tirada logo após o parto mostra o filho de Yasmin com um bracelete
A jovem disse que passou mal durante o parto e não se lembra do que aconteceu na sala de recuperação. “Eu acordei e o bebê já estava do meu lado, minha mãe estava dentro do quarto. Eu me lembro de relances”, narrou Yasmin.
Já Isamara disse que chegou ao quarto antes do bebê, que foi levado até ela logo em seguida. “Eu levei a primeira roupinha do meu primeiro filho para colocar no segundo. E para mim, veio tudo certo [a roupinha do bebê]”, contou.
O marido de Isamara afirmou que sente que faltou cuidado e respeito com as famílias por parte do hospital, que recebeu a confiança deles.
“É um pesadelo. Eu acho que ninguém deveria passar por isso. Esse é um erro que os profissionais da saúde jamais deveriam cometer”, afirmou Guilherme.
Nota na íntegra do Hospital da Mulher:
"No momento o hospital não irá se pronunciar até que as investigações sejam concluídas. Como o caso está sob investigação policial e tramita em sigilo por envolver menores de idade, o hospital está legalmente impedido de fornecer informações acerca do caso à imprensa, em obediência à Lei Geral de Proteção de Dados".
Fonte: G1